quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Pelé, o Rei

Acredito que a maior parte das pessoas lendo isso cresceu ouvindo que Pelé é o maior jogador da história do futebol. Não acho que isso seja necessariamente verdade, pois a discussão de quem é o melhor jogador de todos os tempos, penso eu, é totalmente inútil.
É impossível saber, por exemplo, como Messi se adaptaria às condições da época de Pelé e vice-versa. Podemos tentar fazer previsões, mas ninguém tem uma bola de cristal para saber, com certeza, o que aconteceria se dois jogadores de épocas totalmente distintas fossem contemporâneos. Como eu já disse outras vezes, se me perguntarem quem é o melhor jogador da história, responderei Ronaldo, mas isso é muito subjetivo e a discussão é infrutífera.
De qualquer forma, não preciso achar que Pelé seja o melhor jogador da história do futebol para admirar sua genialidade em campo. Como já fizemos em outras ocasiões, vamos observar o nível técnico de Pelé primeiramente e depois, de modo rápido, ver como foi sua carreira no futebol.
Antes de colocar alguns vídeos, gostaria de deixar algumas dicas de canais no youtube com muitos vídeos do Pelé.
1. R9GodMagic: Canal com vários vídeos sobre diversos jogadores, incluindo alguns de Pelé)
2. 55brutackx: Canal praticamente dedicado com exclusividade ao Pelé
3. SirPeleForever: Idem ao segundo.


O vídeo acima contem 207 gols de Pelé. Eu nem precisaria falar nada, mas o que vemos no vídeo é incrível: tem gols de bicicleta, de cabeça, de falta, com o pé esquerdo, em grandes arrancadas, tem gol de todo jeito. Vemos também a superioridade física de Pelé frente a seus adversários.

Compilação de passes feitos por Pelé. Ele tinha uma grande visão de jogo e também era bastante preciso. Alguns acham que Pelé fez tantas assistências quanto gols, mas isso não é confirmado, uma vez que as assistências passaram a ser contadas recentemente.

Dribles de Pelé. Alguns gols aparecem aqui também. É interessante notar que ele utilizava sua perna esquerda para driblar.

Alguns dizem que devido a fragilidade das defesas naqueles tempos seria fácil fazer o que Pelé fez (eu já escutei isso). Digo o seguinte: se era fácil porque podemos contar nos dedos os jogadores daquela época com quem podemos estabelecer alguma comparação com Pelé?
Pelé era rápido, habilidoso, bom cabeceador, ambidestro, tinha uma grande visão de jogo e boa precisão nos passes. E tudo isso sem a estrutura que o futebol tem hoje, com bolas que poderiam ficar com muita água e pesar bastante em dias de chuva, sem falar que os zagueiros batiam muito. E apesar dessas adversidades, Pelé jogou o que jogou.

2. Carreira

Nota: Quando eu estava escrevendo essa parte, a palavra artilheiro estava aparecendo tantas vezes que eu resolvi colocar as artilharias separadas no final. Os números de gols em um ano apresentados, a menos que se fale o contrário, incluem jogos não-oficiais.  

Pelé estreou pelo Santos em 1956, jogando dois amistosos, contra o Corinthians de Santo André e o Jabaquara, respectivamente. Marcou uma vez em cada partida, apesar de na primeira ter apenas 15 anos. Nessa época o Santos contava com um grande time e começava a estabelecer um certo domínio no futebol paulista (havia conquistado seu segundo Paulista em 55 e repetiu a conquista em 56). Esse domínio se tornaria muito mais forte com Pelé.
Em 1957 o Santos não venceu o Campeonato Paulista (o que inclusive contradiz o que eu acabei de falar), mas com 16 anos Pelé foi o artilheiro da competição, marcando 20 gols. Sua performance rendeu a convocação para a Copa Roca, competição que serviu de inspiração para o atual Superclássico das Américas. Pelé marcaria um gol em cada jogo contra a Argentina e o Brasil venceria o certame.
No ano de 1958, Pelé marcou 58 gols no Campeonato Paulista estabelecendo o recorde de gols em uma única edição do torneio e sagrou-se campeão. Apesar disso, chegou como reserva na Copa de 1958, fazendo sua estréia na competição no terceiro jogo do Brasil, contra a União Soviética, assim como Zito e Garrincha.

Lances de Pelé contra a França em 1958

Compensando a falta de gols no primeiro jogo, Pelé marcou uma vez na vitória seguinte da seleção, contra o País de Gales, três na semifinal contra a França de Fontaine e Kopa e dois na final contra a Suécia, um deles aplicando um chapéu no zagueiro. Assim, Pelé recebeu a Bola de Prata do Torneio, tendo a de Ouro ficado com seu compatriota Didi, além disso, foi o vice artilheiro do torneio. O rei encerraria o ano de 1958 com 75 gols oficiais, um recorde pessoal.
Em 1959 Pelé venceria o Torneio Rio-São Paulo e seria artilheiro e melhor jogador da Copa América, em que o Brasil ficou com o segundo lugar. Ao final do ano chegou a 112 gols ou 127 se contarmos gols pelo exército e pela Seleção Paulista (mas contar gol no exército eu acho demais). Em 1960 venceria o primeiro de três Paulistas em série e encerraria o ano com 104 gols em 89 jogos. Essa marca seria melhorada em 1961, ano em que Pelé marcaria 62 gols em 38 jogos, contando apenas partidas oficiais e 110 gols em 74 partidas contando todos os jogos.

Pelé contra o Racing Club Paris, em 1960

O número de 1959, se incluirmos os gols pelo exército na contagem, é a maior quantidade de gols marcada por um futebolista em um ano que eu tenho notícia, superando até os 116 gols marcados pelo zambiano Godfrey Chitalu no ano de 1972, que incluem 107 gols em partidas oficiais (o que largamente supera a marca estabelecida por Messi esse ano). Acredito que a maior parte das pessoas lendo isso nunca ouviu falar de Chitalu, mas eu não estou inventando, se tiverem dúvidas do que estou dizendo, digitem "Chitalu" no google e pesquisem. 
Deixando de lado essa conversa sobre recordes, Pelé venceria em 61, além do Paulista, a Taça Brasil, ou, seguindo a unificação da CBF, Campeonato Brasileiro. Pelé entraria em uma série incrível de títulos a partir desse ano.
Em 62, viriam um Paulista, uma Taça Brasil, uma Libertadores, uma Copa Intercontinental (não estou diminuindo a conquista de ninguém, apenas acatando os órgãos oficiais, do mesmo jeito que fiz quando chamei a Taça Brasil de Campeonato Brasileiro) e uma Copa do Mundo. Nesse mundial, Pelé se machucaria na fase de grupos, mas veria o Brasil comandado por Garrincha sair vitorioso. Essas conquista, somadas à extinta Taça Oswaldo Cruz trazem um dado interessante a 1962: nesse ano Pelé venceu todas as competições que disputou.

Pelé contra o México, na Copa de 62

Em 63 viriam novamente a Taça Brasil, a Libertadores e a Copa Intercontinental, além de um Rio-São Paulo. Em 64 e 65 o Santos ganharia a Taça Brasil e o Paulista (em 64 ganhou ainda o Rio-São Paulo). Em 66 haveria tempo para um Rio-São Paulo dividido entre 4 equipes. Todas essas conquistas fariam com que Pelé chegasse à Copa do Mundo de 1966 com o posto de jogador mais famoso do planeta e com expectativas muito altas, já que além dele o Brasil poderia contar, entre outros, com Gérson, Garrincha e Jairzinho.
Pelé contra a Alemanha Ocidental em 1963

Apesar da ampla disponibilidade de craques, a preparação do Brasil para a Copa não foi a mais apropriada, tendo o técnico Vicente Feola chegado a trabalhar com uma equipe de 46 jogadores, sendo que apenas 22 viajariam. A Copa de 66 terminaria sendo o maior fiasco da história do Brasil nas Copas.
No primeiro jogo a seleção contava com Pelé e Garrincha, que juntos, nunca perderam uma partida pelo Brasil. O resultado foi uma vitória por 2 a 0, com dois gols de falta, um de Pelé e outro de Garrincha. Mas o rei saiu machucado de campo, graças às muitas faltas que sofreu, e por isso não atuou no segundo jogo, em que o Brasil foi derrotado pela Bulgária.
A partida contra Portugal, que contava com Eusébio, definiria o futuro do Brasil na competição, e dessa vez quem não jogou foi Garrincha. Pelé sofreu duras faltas durante o jogo e teve que permancer machucado em campo (só lembrando que na época não era permitido fazer substituições!) e o Brasil terminou perdendo e eliminado na fase de grupos. Após este torneio, Pelé decidiu que não voltaria a atuar em uma Copa do Mundo.

Pelé contra o River Plate em 1967

Quatro anos se passaram, Pelé ganhou mais alguns Paulistas, um Robertão (seguindo a unificação, Brasileiro) e algumas competições hoje extintas. O Brasil havia montado um grande time, com jogadores como Rivellino, Tostão e Gérson, e Pelé havia retornado à seleção. Com essa equipe, o Brasil chegou à Copa do Mundo de 1970 vencendo todos os seus jogos nas eliminatórias. 
E a seleção deu show! Venceu todos os 6 jogos no torneio e fomos os primeiros a vencer a Copa três vezes. Por sua performance, na qual marcou 4 gols e participou de muitos outros. Veja nesse vídeo, que só está disponível no dailymotion (por isso só posso colocar o link), alguns dos melhores lances de Pelé na Copa de 70.
O vídeo tem os dizeres (adaptação para o português, que eu fiz agora): O que importa não são seus gols, seus dribles ou seus passes. Por que Pelé é o rei de 1970 então? É que até seus erros eram puramente geniais.
Os 12 gols de Pelé em Copas em um minuto

Pelé recebeu a Bola de Ouro da Copa de 70 e se tornou o primeiro jogador a ser três vezes Campeão do Mundo, enquanto o técnico Zagallo passou a ser também tricampeão, mas com um de seus títulos conquistado como treinador.
Em 73, aos 32 anos e em meio a muitos craques, Pelé foi eleito o melhor jogador em atividade na América, ganhando mais um Campeonato Paulista. Também neste ano Pelé participou da despedida de Garrincha na seleção brasileira, e com Pelé e Garrincha em campo, mesmo o adversário sendo a Seleção do Mundo, o Brasil venceu por 2 a 1, com um golaço de Pelé.
Em 74 Pelé foi jogar no New York Cosmos, clube no qual marcou mais 64 gols e onde encerrou sua carreira no ano de 1977, vencendo a Liga Norte Americana naquela ocasião.

Lances de Pelé no Cosmos e Milton Neves elogiando o rei.


Principais Artilharias (Provavelmente, há mais artilharias em torneios menores)

Campeonato Paulista (11x): 1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1969, 1973. Incluindo 58 gols em 1958, recorde do torneio.
Copa Libertadores da América: 1965, com 7 gols.
Copa América: 1959, com 8 gols.
Taça Brasil (3x): 1961 e 1963, com 9 e 12 gols, respectivamente e 1964, dividindo com Gildo (CE), anotando 7 vezes
Torneio Rio-São Paulo: 1963, com 14 gols.
Copa Intercontinental (2x): 1962 e 1963, com 5 e 2 gols, respectivamente.

Pelé, o Rei

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1. Pelé foi um gênio, reunindo todas as habilidades que um jogador que atua no setor ofensivo precisa ter. Mesmo assim muitos acham que Diego Maradona foi superior a ele. Clique AQUI para ler sobre o argentino e tire suas próprias conclusões sobre essa comparação.

2. Jogando com Pelé e Garrincha, o Brasil nunca perdeu uma partida. Clique AQUI para ler sobre o grande Mané.

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